Entenda como seu filho lida com as emoções

Criar um filho é mais do que oferecer segurança, alimentação e horas tranquilas de sono. É também dar ferramentas para que ele possa se constituir como alguém que sabe minimamente lidar com as emoções. Como dizia o psicanalista e escritor Rubem Alves, “educar é mostrar o mundo a quem ainda não o viu”. A sorte é que ninguém está sozinho. Temos os livros, os grandes pesquisadores e a própria cultura para nos apontar caminhos e oferecer uma mão quando necessário.

Entenda como seu filho lida com as emoções

A médica psiquiatra e pedagoga Maria Montessori (criadora do método montessoriano de educação) falava da importância de nomear os sentimentos e de conversar sobre eles. Porém, mais do que propor que isso seja feito, é importante lembrar que a criança aprende não com teoria e gráficos explicativos, mas  com exemplos práticos. Levando isso em conta, é muito importante que os pais transmitam os próprios sentimentos de forma clara e com linguagem apropriada. Ao dizer o que sentem, incentivam o compartilhamento das emoções e a aprendizagem. 

Além disso, nessa fase da vida, os pequenos estão aprendendo a utilizar a linguagem verbal e não verbal para expor o que estão sentindo. Como eles ainda não têm todos os recursos e ferramentas necessárias para expressar opiniões e sentimentos, é importante os pais estarem atentos aos sinais. O choro, por exemplo, é uma forma de pedir ajuda. Não se deve dizer “Não chore”, mas sim “Se sente vontade de chorar, chore. Vou tentar ajudá-lo”. Respeitando as emoções e não se retraindo quando elas são expressadas, os pais permitem que a criança aprenda que cada pessoa tem a sua forma própria de sentir e se exprimir, o que colabora para a formação de indivíduos com uma inteligência emocional mais apurada e preparada para os desafios da vida. 

Uma boa ideia é fazer com que as conversas entre os adultos da casa sejam também sobre isso.  Em vez de apenas comentar fatos e eventos, também falar sobre frustrações, medos, alegrias e paixões estimula os pequenos a fazer o mesmo. E que tal perguntar também para a criança como ela está se sentindo hoje? 

O criador da antroposofia, Rudolf Steiner, desenvolveu a pedagogia Waldorf sobre pilares de muito estudo da filosofia e da medicina, além de refletir muito sobre o comportamento humano. Um dos pontos importantes dessa pedagogia é a direção de que o mal não se combate, reforça-se o bem. Trocando em miúdos, é preciso admitir que bebês e crianças pequenas não sabem muito bem o que fazem e, por isso, para educá-los, é preciso pontuar aquilo que fizerem bem-feito e não direcionar tanta atenção ao que fizerem de ruim. Um fato importante é que escolas com esse tipo de abordagem pedagógica crescem em número no mundo inteiro. 

Apesar de ter vivido no século passado, parece que as ideias de Steiner trazem muitos benefícios às crianças e sociedade atual. Na onda  de intolerância, ansiedade e irritabilidade que vivemos, parece ser um ótimo refresco pensar em –  em vez de gritos, castigos e raiva diante de cada erro dos pequenos –  simplesmente chamar a atenção deles e oferecer afeto para ressaltar os acertos. Mais do que uma boa dica prática para resolver momentos de crise, essa orientação dá um belo recado aos pequenos: o de que é muito melhor valorizar o bem, as ações positivas e os acertos e dedicar tempo ao lado bom da vida do que reclamar e enfatizar ainda mais os erros.